quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ocaso da Lua em Curitiba

No dia 31 de agosto eu estava comendo a sobremesa do jantar com meus pai e mina noiva. Em um determinado momento eles todos foram até a cozinha, e de repente lembrei-me da Lua, que devia estar próxima do horizonte, se é que já não havia se posto.

Larguei a sobremesa às pressas e corri até o quarto. Deu tempo! Fui recompensado pela bela visão de uma luinha crescente fina, já próxima do horizonte mas ainda brilhando relativamente forte devido à limpidez do ar. Chamei minha noiva, que me fez companhia admirando a Lua. Montei a câmera rapidamente e tirei algumas fotos quando a Lua se aproximou ainda mais do horizonte.

Logo em seguida, admiranos seu ocaso.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Astrofesta

No sábado, dia 13 de agosto, eu e minha noiva Cris organizamos uma astrofesta para o pessoal do Clube de Astronomia (CACEP). O intuito era uma confraternização entre os membros do clube, um momento de descontração.


O céu estava limpo e, mais cedo, emprestei um telescópio do Mendonça, pois o meu estava em Campinas com meu pai, que o trazia de Minas de carro depois das minhas noites de observação na Fazenda Cartago (vide post anterior, de 9 de agosto). Lá pelas 14:30 fui à casa dela para ajudar na preparação da festa.

Poucos minutos depois das 18 horas fomos com o prof. Paulo, que já estava no encontro mas se retirava devido a um compromisso no litoral, lá para fora e vimos uma baita lua cheia, de cor amarela, baixa no nascente, fazendo contraste com o céu azul escuro. Compondo com algumas araucárias, a cena estava linda.

Mais tarde outros convidados começaram a chegar e fomos lá para fora dar uma olhada no céu. Estava quente e estrelado, apesar do brilho da lua. Conversamos bastante e vimos Saturno, aglomerado do Ptolomeu (M7), da Borboleta (M6) e a dupla do Albireo. Também divisamos um pouco da constelação do Cisne, que estou aprendendo a desenhar no céu. A Lua também foi vista pelo telescópio, apesar do seu brilho intenso.

Depois fomos para a parte gastronômica, com destaque para uma torta salgada feita pela Cris! Todos adoraram, inclusive eu.

Após os comes, liguei o projetor multimídia e projetei na parede algumas fotos feitas na fazenda Cartago. Antes, ninguém ainda havia visto as fotos pois eu não as havia liberado ainda. Fiz algumas pequenas explanações sobre os objetos encontrados nas fotos, e batemos muito papo acerca de assuntos astronômicos.

Foi um encontro muito gostoso, com muita descontração e observação naquela que foi a noite mais quente do mês de agosto.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Noite de Observação em Minas Gerais

No dia 27 de julho dirigi-me à fazenda Cartago em Minas Gerais para, além de visitar parentes, que são donos da fazenda, fazer observações astronômicas. Eu estava em férias naquele estado desde o dia 16 de julho e já havia ido com o intuito de, em algum momento dessas férias, ter uma noite astronômica.

Minas Gerais tem um inverno bastante seco, com muito pouca chuva no mês de julho (alguns anos a chuva é zero nesse mês). Um céu limpo é praticamente garantido no inverno. Em contrapartida, exatamente devido à seca, o ar fica sujo de material particulado. É possível notar isso de dia, pois o azul do céu fica desbotado. Essa sujeira no ar inibe um pouco o brilho das estrelas à noite e faz com que a iluminação das cidades contamine regiões mais longínquas do que com o ar limpo.

Havia sido marcada com meus parentes a data de 27 de julho para a viagem à fazenda, uma quarta-feira. Na semana anterior o ar estava bastante sujo, apesar da total ausências de nuvens. Mas fiquei sabendo de uma forte frente fria que passou a atuar no sul do Brasil no final daquela semana. Fiquei então torcendo para que ela entrasse em Belo Horizonte antes da minha viagem, já que as frentes frias no inverno mineiro raramente duram mais que 2 dias mas ainda assim têm o potencial para limpar o ar por alguns dias.

Realmente, no domingo à tarde, dia 24, ela entrou na região de Belo Horizonte. O céu ficou nublado com poucos períodos de sol na segunda. Eu esperava que ela saísse na terça e que o ar continuasse límpido até quarta, mas a terça-feira foi um dia encoberto e, até certo ponto, frio. Mas decidi continuar mantendo minha aposta. A quarta-feira amanheceu feia, mas começou a abrir no final da manhã. E vi que seria uma limpada definitiva. E lá estava o azul vívido, não mais aquele azul desbotado da semana anterior. A frente fria passara, e removera todas as partículas da atmosfera. No começo da tarde o céu estava lindo, azul forte, e sem nuvens. A duração da frente fria me preocupou, mas tudo se resolveu.

Assim, parti com meus pais para a fazenda no final da tarde. Já estava louco para começar a trabalhar. Carro lotado com equipamentos, incluindo para observação um telescópio de 200mm de diâmetro (fabricação do Sandro Coletti) e oculares de 19mm e 5.7mm, e para fotografia uma câmera Cânon 400D modificada para astrofotografia, telescópio apocromático 80mm de diâmetro e 600mm de distância focal e montagem Skywatcher EQ-5 pro para acompanhamento.

Comecei as observações pouco antes das 23 horas sob um céu maravilhoso de estrelas. A fazenda localiza-se no município de Baldim e situa-se a 67km em linha reta ao norte da praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Apesar da distância não muito grande e do fato de BH ser uma cidade gigantesca, a qualidade do ar estava de tal forma boa que a iluminação da cidade quase não afetava a região da fazenda. O céu estava extremamente escuro, com a exceção de alguma iluminação no sul vinda de BH.

Observei objetos clássicos meus, como a Nebulosa da Lagoa (M8), da Trífida (M20) e da Hélice. Também entrou na conta a galáxia de Andrômeda, que em Minas apresenta melhores condições de observação devido à maior elevação no céu que ela atinge naquele local. Observei também alguns objetos que há mito tempo não via, como o aglomerado M11. E também um que penso nunca ter observado, o aglomerado M30. Particularmente achei bastante interessante esse objeto, é um aglomerado de estrelas com um formato peculiar, parece um aracnídeo onde se vê três pernas.

Também aproveitei para fazer astrofotografia. Com a qualidade superior do céu da fazenda resolvi fotografar o par de nebulosas Lagoa e Trífida. Resolvi, também, aprender a achar a Nebulosa América do Norte, uma nebulosa gigantesca no Cisne. Ela não é visível ao telescópio, mas é possível fotografá-la. Fiz também fotos de grande campo envolvendo o cenário da fazenda com suas árvores, a sede e seu céu espetacular de inverno.

Mas algo me chamou muito a atenção nessa noite. Eu havia me esquecido completamente, mas a chuva de meteoros Delta Aquarídeos estava bem próxima do seu pico. Essa chuva é considerada forte e tem uma taxa média de aproximadamente 20 meteoros por hora. E realmente, de tempos em tempos um deles riscava rapidamente o céu. Eu só me lembrei dessa chuva quando percebi que eram vários, e muitos deles aparentemente vinham de um ponto comum do céu, o chamado radiante, localizado em Aquário no caso dessa chuva. Um dos meteoros foi mais forte e deixou um rastro de fumaça atrás de si que durou meio segundo. E por coincidência, dois meteoros passaram na frente do campo do telescópio, enquanto eu olhava algum objeto.

Foi um belo espetáculo essa chuva de meteoros! E a noite toda! Fazia tempo que eu não tinha uma noite de observação desse porte.

Fiquei até às 4 horas da manhã, mas na noite seguinte recomecei as atividades desde o final do anoitecer. Dessa vez houve a participação dos meus pais e do casal dono da fazenda, que aproveitaram para conhecer alguns objetos celestes ao telescópio, como a nebulosa da Carina, a Caixa de Jóias, nebulosa da Lagoa, Ômega do Centauro, Grande Aglomerado da Carina e Plêiades do Sul (também na Carina). Mas foi o planeta Saturno que despertou a maior curiosidade do pessoal.

Enquanto isso, não deixei de reparar na luz zodiacal, uma faixa luminosa em forma de triângulo estreito e alto que surge após o final do anoitecer no poente, derivada do espalhamento da luz solar em partículas interplanetárias. Ela estava bem proeminente e aproveitei para tirar uma foto dela. Fiz também um ensaio fotográfico com as pessoas, o cenário da fazenda e o céu.

Houve uma cobertura de nuvens mais tarde e encerrei as atividades lá pelas 23 horas, mas as duas noites valeram muito! Ainda, antes de dormir, dei uma olhada no céu pela janela, que estava aberto de volta.

Agradeço ao Hugo e à Regina pela acolhedora estadia na fazenda e ter possibilitado que eu tivesse essas duas magníficas noites de observação! Classifiquei a primeira noite como a noite mais favorável à astronomia que já tive na vida.
As fotos serão liberadas semana que vem. Fiquem ligados!