quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sequência de Crepúsculos em Curitiba

Os crepúsculos são momentos mágicos. A mudança de luz entre o dia e a noite pode render belos degradês de cores, especialmente quando nuvens altas estão presentes. Amarelos e vermelhos se misturam aos diferentes tons de azul do céu, deixando o momento do crepúsculo ainda mais mágico.
 
Tive a oportunidade de vivenciar 4 dias seguidos com crepúsculos de fogo em Curitiba, em que nuvens altas tingiram-se de amarelos e vermelhos vivos, contrapondo-se ao azul escuro de fundo do céu. No primeiro desses dias eu estava na cidade vizinha de Campo Magro, pertencente à região metropolitana de Curitiba, participando de um churrasco de confraternização do Clube de Astronomia do Colégio Estadual do Paraná (CACEP), do qual faço parte.
 
Foi no dia 8 de dezembro e foi uma surpresa, pois o dia todo foi tempestuoso, com chuvas fortes intermitentes, trovões e nuvens carregadas. Na realidade foi bastante divertido. Mas o pôr do Sol nos reservou um belo espetáculo de cores vivas e quentes e até um trecho de arco-íris vermelho.





No domingo, dia 9, também não imaginava que haveria um espetáculo, pois o dia foi bastante nublado. Mas minha esposa falou que haveria um pôr do Sol para vermos. Realmente, no final da tarde o Sol apareceu, apesar de ainda ter muitas nuvens baixas. Mas logo em seguida nuvens bem baixas, vindas da Serra do Mar, cobriram todo o céu.
 
No pôr do Sol, surpresa! As nuvens baixas sumiram, deixando à mostra um céu todo avermelhado! Minha esposa tinha razão.




O dia 10 foi ensolarado de manhã e nublado à tarde, com chuva pesada. Mas houve nova surpresa no pôr do Sol. Mais nuvens altas deram um show, tingindo-se das tradicionais cores quentes. Dessa vez, contudo, eu estava sem a câmera que normalmente uso.




O crepúsculo do dia 11 também me pegou de surpresa. O dia foi bastante nublado e nada indicava uma abertura no pôr do Sol. Encontrei-me com meu amigo João Júnior no shopping Crystal e ainda estava lá durante o início do anoitecer. Não vi o céu, mas percebi que a cidade não estava tingida de vermelho como das outras vezes. Contudo, quando fui para casa, vi belas nuvens no final do anoitecer no horizonte, que renderam um belo espetáculo.



sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ocultação de Júpiter em 28 de novembro de 2012

O dia 28 de novembro de 2012 reservou um belo espetáculo celeste para nós aqui embaixo na Terra, pelo menos para aqueles que estavam no centro-sul do Brasil e norte da Argentina: uma ocultação do planeta Júpiter pela Lua.

Curitiba é uma cidade conhecida pelos seus céus quase sempre nublados, e não foi diferente nos dias anteriores. Mas no dia da ocultação a cidade se comportou direitinho, como uma criança muito bem-educada. Nos dias posteriores, voltou ao normal.

Tive acesso ao terraço do edifício onde moro e montei lá meus equipamentos. Fui com tempo de sobra não só para montar, mas para ver o pôr do Sol e o nascer da Lua, que ocorreriam antes do evento da ocultação. Com tudo montado, esperei pelo Sol tocar o horizonte oeste-sudoeste sob um céu todo azul.

Pouco antes das 20 horas no horário de verão brasileiro, o Sol se pôs num belo espetáculo. Um disco amarelo-alaranjado brilhante descendo por trás de árvores longínquas.



Assim que o Sol se pôs, virei o telescópio para o outro lado e comecei a esperar pelo nascer da Lua na Serra do Mar. Havia dois prédios próximos do setor onde ela nasceria que poderiam atrapalhar. Mas qual não foi minha surpresa quando ela nasceu exatamente no espaço entre eles! Bem, nasceu com uma parte escondida atrás de um deles, mas o efeito até que ficou legal, pois o prédio tinha janelas que refletiam as cores do pôr do Sol.



Logo depois da Lua, Júpiter apareceu, sendo facilmente detectável ao binóculo abaixo dela. Passados alguns minutos, já era possível vê-lo a olho nu, juntamente com a Lua e o prédio. A Lua estava com uma bela cor laranja e depois amarela, e as janelas do prédio ainda refletiam as cores do outro lado do céu.



À medida que iam subindo, Lua e Júpiter iam ficando mais próximos. Era uma cena incrível. Ao binóculo era um espetáculo! Ia escurecendo e eu estava esperando o horário das 21:05, quando ocorreria a imersão do planeta.


Logo antes do horário da imersão, deixei a câmera fotográfica preparada para fazer fotos em time-lapse da imersão, acoplada ao telescópio apocromático de 600mm de distância focal. Enquanto isso, comecei a olhar pelo outro telescópio, de 1000mm. Havia alguma turbulência devido ao fato da Lua e Júpiter ainda estarem baixos no céu. Durante a ocultação estaria acontecendo também o trânsito da sombra do satélite Ganimedes pelo disco de Júpiter, mas não consegui enxergá-la. Mas a entrada do planeta por trás da Lua foi lindo de se ver! Em pouco mais de 2 minutos, a Lua engoliu Júpiter, com suas faixas equatoriais de nuvens, completamente.



Não passou 1 minuto do fim da imersão e meu celular já tocou. Era o Mendonça, avisando que estava vendo a Estação Espacial Internacional passando no outro lado. Virei-me e lá estava ela! Aquele ponto brilhante se deslocando pelo céu, a aproximadamente 400km de altura. Fiquei acompanhando-a por mais ou menos 1 minuto, quando ela finalmente entrou na sombra da Terra e desapareceu.

Desci ao meu apartamento para jantar e esperar pela emersão. Deixei tudo no terraço. Faltando poucos minutos, subi de volta. Novamente deixei a câmera fazendo um time-lapse no telescópio pequeno e mirei o grande para olhar. Como dessa vez não havia referência para saber exatamente onde Júpiter apareceria, tive que ficar atento. Então, de repente, surgiu um calombo. Lá estava ele. Dessa vez havia menos turbulência, e o planeta estava bem mais bonito. Além disso, havia uma finíssima faixa preta entre o disco da Lua e de Júpiter, separando os dois. Era o resultado da pequena faixa da noite lunar visível, ou seja, o início da fase descrescente da Lua. Coincidentemente, tinha havido um eclipse penumbral da Lua algumas horas antes. Esse tempo de algumas horas já havia sido suficiente para deixar visível para nós uma finíssima parte do lado escuro da Lua.



Foi então que, de repente, lá estava ela! A sombra de Ganimedes no disco de Júpiter. Quando o planeta já estava metade para fora, a sombra apareceu como um minúsculo ponto negro na superfície. Foi uma cena inesquecível, que vai ficar na minha memória para sempre. As belas faixas equatoriais de Júpiter e um ponto negro na superfície, vagarosamente saindo de trás da Lua. Em pouco mais de 2 minutos o planeta apareceu completamente e a distância entre ele e a Lua começou a aumentar.

A olho nu já foi possível notar o calombo na borda da Lua, que começou a se separar e a se distanciar. Desmontei os equipamentos correndo pois deveria devolver a chave do terraço para o porteiro até às 22:30, e já eram 22:15. Já no apartamento a Cristhiane chegou em casa do trabalho e viu o belo par no céu. Ela me contou que alguns professores no Colégio Estadual do Paraná acompanharam o evento. Ela mesma viu o par antes da ocultação.

No dia de Natal teremos outra ocultação de Júpiter. E novamente, haverá o trânsito de uma sombra pela superfície durante a ocultação, mas dessa vez do satélite Io.

Nas fotos não há os detalhes que consegui notar pelo telescópio pois meus equipamentos não são para fotografia planetária. Mas valeu o registro na minha memória!

Abaixo, deixo os links para os vídeos time-lapse. De preferência, assistam com tela cheia e qualidade máxima (HD 1080 pontos):

Entrada de Júpiter:

http://www.youtube.com/watch?v=S_ASenDWSoo

Saída de Júpiter:

http://www.youtube.com/watch?v=BtroLs1-KNk

sábado, 24 de novembro de 2012

Halos de 23 de novembro

     Apesar de estarem bem fracos, no dia 23 de novembro alguns halos apareceram no céu de Curitiba por conta das nuvens altas na dianteira de uma frente fria. Um deles é classificado como raro pelo mestre da ótica atmosférica Les Cowley, dono do site www.atoptics.co.uk.

     Eram pouco depois das 19 horas no horário de verão quando notei um brilho no céu, acima do Sol. Estava ficando um pouco mais forte e percebi que era um arco tangente superior. Alguns minutos mais tarde um halo circular, antes aos pedaços, foi ficando mais completo. Mas era um trecho de halo mais à esquerda do circular, muito fraco, que mais me chamou a atenção por ser raro: o arco supralateral.

     Gostei da cena, apesar do fato de não estarem intensos. Rendeu algumas fotos:

Halo circular, redondo com o Sol no centro; arco tangente superior, o brilho na parte de cima do circular; e o arco supralateral, bem mais à esquerda

O arco tangente superior e o halo circular abaixo
     O arco tangente superior e o arco supralateral são causados pela refração da luz solar em cristais de gelo com a forma de prismas hexagonais longos. Já o circular é formado pela refração em placas hexagonais finas.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Recorde de Temperatura em Curitiba

A temperatura hoje (dia 30 de outubro) em Curitiba chegou a 34,1C. Trata-se da maior temperatura registrada em um mês de outubro desde 1936. Acredito eu que 1936 tenha sido o início das medições. Assim sendo, seria a maior temperatura em outubro da história. A cidade de São Paulo também teve a maior temperatura de outubro da história, com 36,1C.

Mas não pensem que no litoral, normalmente mais quente que Curitiba, fez mais calor. Por lá a temperatura mal chegou a 30C e ficou nublado quase o tempo todo, estando apenas 25C em Paranaguá no momento que aqui, em Curitiba, estava 31C.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Saída de Campo - outubro de 2012

     Entre os dias 12 e 14 de outubro de 2012, participei de uma saída de campo para observação do céu juntamente da Cristhiane, Emílio, Lilian e Lucas. Hospedamo-nos na Pousada Fazenda Guartelá, perto de Tibagi (PR) para essas duas noites de observação, além de passeio pelo Parque Estadual do Guartelá. Cheguei com a Cristhiane já de noite, com muita neblina e garoa na estrada entre Castro e Tibagi. Ao nos instalarmos na pousada passei rapidamente com ela no quarto ao lado, onde estavam hospedados o Emílio e a Lilian. O Lucas também estava lá apesar de estar hospedado no camping. Quis conhecer o novo telescópio de 400mm, feito pelo Sandro para a Sociedade dos Astrônomos Amadores (SAA), ainda a ser inaugurado. Um tarugão, que quando apontado para cima fica mais alto que eu. Fomos então comer algo em Tibagi, e foi no caminho que meus colegas e a Cristhiane viram uma ou outra estrela em meio às espessas massas de nuvens.
 
     De volta à pousada os buracos nas nuvens aumentaram, revelando mais estrelas. Mas havia, também, um vento muito forte! Mas nos animamos de montarmos os telescópios lá fora. Estávamos todos ávidos para vermos o 400mm em ação.

    Havendo vários espaços grandes entre as nuvens, a magia da noite se revelou. O Lucas estava doido para apontar o telescópio para dois de seus xodós, as galáxias em forma de charuto NGC 55 e NGC 253, mas antes apontamos para um xodó meu: a nebulosa da Hélice. Que imagem! Era possível ver a estrutura da nebulosa, além da imagem ser bastante clara. Depois as galáxias do Lucas se revelaram para nós muito mais bonitas, com mais contraste, do que qualquer visão que já tivemos delas. Dois charutões magníficos, fininhos, mas muito alongados. Para ficar na mente o resto da vida.
 
    Poucos minutos mais tarde o Lucas e o Emílio estavam alguns metros de distância de mim, em outro ponto, enquanto eu olhava a NGC 55 pelo telescópio de 400mm. E foi aí que aconteceu.
 
     Um ponto como uma estrelinha passou bem na frente do campo de visão, indo de um lado ao outro quase instantaneamente, cortando a galáxia pelo meio em um ângulo de 45 graus. Corri para contar a eles que eu presenciara um meteoro na frente da galáxia. O Lucas até me disse "Ah, não faça isso com minha galáxia!"
 
    Estando o vento muito forte e frio, fazendo as imagens dos telescópios balançarem, resolvemos guardar as coisas e dormir.
 
    O dia seguinte, sábado, amanheceu bonito e com Sol. Não muito quente, contudo. Fomos fazer o passeio ao Cânion Guartelá, e durante o passeio o céu foi devagarinho fechando, até ficar quase totalmente encoberto no meio da tarde. Passamos em Tibagi e compramos carne para churrasco e depois descansamos na pousada. Pouco antes das 18 horas saí do quarto e vi o Lucas dormindo em sua Variant. Ele acordou, e resolvemos ir tentar ver o pôr do Sol da estradinha de acesso à pousada. Havia uma estreita faixa de céu limpo a oeste, que estava ficando alaranjada. A propósito, foi minha primeira experiência de andar de Variant com o Lucas!
 
    Realmente o Sol passou pela faixa e lançou seu brilho durante uns 3 minutos até se pôr. Ao mesmo tempo, notamos que o céu parecia estar abrindo em alguns pontos, revelando um grande buraco crescente nas nuvens. Voltamos para a pousada.

    À noite o céu estava dominantemente aberto. Logo após o anoitecer, era hora de começar a festa. O vento estava fraco, a temperatura razoável. Levamos para fora dos quartos os telescópios de 400mm da SAA e o meu de 200mm, também construído pelo Sandro. Logo no começo apareceu uma família de outro quarto curiosa com a movimentação, incluindo uma criança. Mostrei para eles pelo meu telescópio o aglomerado M6 e a Nebulosa da Lagoa. Eles se impressionaram com a quantidade de estrelas.

    Comecei um time lapse da região norte do céu, e nas fotos apareceram manchas avermelhadas que me eram estranhas. Talvez nuvens altas... mas não havia nuvens altas e nem cidades grandes para iluminar qualquer nuvem.

    A noite continuava linda. Era muito escura, dada à ausência de poluição luminosa na região. As estrelas no horizonte tinham tanto brilho quanto às do alto. Era revigorante ver aquela quantidade de estrelas no céu, é algo que faz bem.

    Começamos com os xodós do Lucas, NGC 55 e NGC 253. Dessa vez comparei as imagens do 400mm com as do 200mm, e havia diferença. No 400mm a ocular que estava sendo usada a maior parte do tempo era uma de 56mm (de 2 polegadas), e eu utilizava uma de 19mm no meu (1,25 polegada). A imagem dos objetos no 400mm era muito contrastada e clara, podendo-se aplicar mais aumento e ainda manter o brilho dos objetos.
 
    Peguei o 400mm e comecei a passear pelo céu, procurando algo. O resto do pessoal se afastou um pouco, indo para outro ponto. Então, aconteceu de novo.

    Durante uma minúscula fração de segundo achei ser o rastro do laser verde que havia cruzado o campo de visão do telescópio (até porque o Emílio e o Lucas estava com seus lasers ligados), mas passada essa fração de segundo percebi que não poderia ser. Um risco verde apareceu cortando instantaneamente de um lado ao outro do campo de visão, tendo deixado um rastro de fumaça que se manteve por quase 1 segundo. Corri para contar para eles que eu acabara de ver um meteoro queimando em verde na atmosfera, pelo campo do telescópio.

    Decidi mostrar para a Cris no 400mm o aglomerado 47 Tucana. Incrível a quantidade de estrelas em volta do seu núcleo super denso! Esse núcleo denso se revela como uma bola muito compacta de estrelas, bem clara, com uma infinidade de estrelinhas ao redor.

    O próximo alvo foi a galáxia de Andrômeda, que todos estava muito curiosos em ver. A olho nu ela estava muito fácil de ser percebida. O Lucas apontou e se impressionou com a extensão da galáxia no campo de visão, atravessando o campo de um lado ao outro mesmo com pouco aumento. Chamei novamente a Cris, e o Emílio chamou a Lilian, e as duas se impressionaram com o brilho da galáxia. Mostrei também uma das galáxias-satélite de Andômeda. Na sequência, fomos para a galáxia do Triângulo (M30).

    Decidimos começar a preparar o churrasco. Já havia um bom tempo que o Lucas havia deixado sua câmera fazendo fotos em time lapse, e assim ficaria o resto da noite até o começo do amanhecer. Comemos um churrasco muito bom! Mas o vento catabático voltou a atacar. Mesmo assim, tiramos um tempinho para as fotos "oficiais" do evento, com todos nós e os dois telescópios.

    Mais tarde a Cris e a Lilian foram para os quartos, e eu, o Lucas e o Emílio continuamos as observações, dessa vez com o intuito de achar objetos de céu profundo mais difíceis, com a ajuda de atlas celestes. E começamos bem. O Lucas e o Emílio localizaram um agrupamento de galáxias e me chamaram para ver ao telescópio. Lucas me explicou que não sabia o nome delas, mas para primeiramente localizar uma galáxia no centro do campo de visão. Partindo dela, fui instruído a localizar outra bem pertinho dela na direção das 11 horas. Depois voltar à primeira e achar outra nas 7 horas. Depois voltar e achar outra às 5 horas, um pouco mais longe que a anterior. Depois, partindo dessa última, resolvi eu mesmo perscrutar aquela região e achei uma forte na direção das 8:30 da última. Ou seja, uma pequena área do céu lotada de galáxias. Fizemos uma anotação mental de procurarmos a identificação dessas galáxias depois (mais tarde o Lucas me informou que tinha mais uma na região, que passei direto).

    Para fins de registro, essas galáxias, na ordem mencionada, são: NGC 1399, NGC 1404, NGC 1387, NGC 1380 e NGC 1365. A que pulei foi a NGC 1374.

    Ainda o Lucas começou a procurar uma nebulosa planetária na Baleia e eu quis achar uma galáxia perto da NGC 55, a NGC 300. Peguei o atlas e comecei a decorar as estrelas na região. O Lucas achou a nebulosa, e depois um aglomerado estelar próximo. Adorei esses objetos. Mas cismei com a NGC 300. Voltei ao atlas para tentar achá-la pelo meu telescópio. Depois de um tempo, sucesso!! Nada tão bonito assim, mas consegui! Logo depois, o Lucas achou uma outra galáxia em forma de charuto, muito fraca. Visão periférica era necessária para percebê-la melhor.

    Em algum momento estávamos reunidos apenas olhando o céu, sem os telescópios. E foi aí que o melhor meteoro de todos se mostrou. Ele veio do sul para o norte e demorou algo como 4 segundos queimando na atmosfera, e deixou um rastro de fumaça atrás de si que perdurou uns 3 segundos. Quem não estava olhando teve tempo de sobra para virar o rosto e olhar.

    Órion já tinha nascido havia algum tempo e resolvi ir para um dos clássicos, a Nebulosa de Órion. Que vista pelo 400mm! A estrutura dela ficou magnífica mesmo com um aumento maior, além de parecer muito luminosa. Depois, o Emílio cismou com uma nebulosa perto de Sirius, o Capacete de Thor. Eu e ele nos curvamos frente aos atlas e ao computador e, depois de um pouco de luta, consguimos achá-la. Muito fraca mas sempre uma vista magnífica, por isso o desafio. Sucesso! Afinal, são objetos longínquos, à distâncias inimagináveis, e achá-los ao telescópio nos traz sempre uma sensação de sucesso e missão cumprida.

    Apesar de estar ainda bastante ativo e sem sono, resolvi ir para o quarto pouco depois das 3 horas da manhã. O Lucas e o Emílio ainda ficaram mais tempo. Mas me ficou a sensação de uma noite como há muito não sentia. Estar em turma observando o céu dessa maneira é sempre memorável. Apesar dos ventos, foi muito bom. Momentos desse encontro vão ficar para a lembrança.

    O vento era muito forte, tive até que correr atrás de uma cadeira que saiu rolando e que não queria parar. Os telescópios balançavam apesar das suas montagens estáveis. Mas o céu estava magnífico! No domingo, perguntei para o pessoal da pousada se aquele vento era comum na região, mas me disseram que não. Era um fenômeno que ocorria somente de vez em quando.

    Já em Curitiba descarreguei as fotos do meu time lapse e realmente havia muitas manchas vermelhas no céu, que se deslocavam muito devagar para o leste. Imaginei que a causa provável dessas manchas era o fenômeno chamado airglow. Eu nunca tinha imaginado poder fotografar esse tipo de fenômeno, que geralmente aparece verde nas fotos. Contatei o Les Cowley, do site Atmospheric Optics, e ele também achou que consegui um airglow vermelho.
 
     Resumindo: foi uma saída de campo memorável!
 
     A seguir, está uma foto tirada pelo Emílio do grupo reunido em uma das fotos oficiais, e na sequência uma foto do tal airglow vermelho.
 
Foto oficial da saída de campo. Da esquerda para a direita: Emílio, Lilian, Cristhiane, Fabiano, Lucas. Foto de: Emílio Merino

Airglow vermelho e galáxia de Andrômeda à direita.
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Conjunção Lua - Acrab

    Ontem, dia 20 de setembro, descobri por acaso que a Lua ia passar quase tirando tinta da estrela Acrab, pertencente à cabeça da constelação do Escorpião. De fato, mais ao sul, em Buenos Aires, haveria uma ocultação. Isso ocorreria mais ou menos entre 20:30 e 21:00. Preparei-me então para ver o evento aproveitando o céu completamente limpo e livre de impurezas, condição assegurada após a passagem de uma frente fria no dia anterior.

    Peguei meu telescópio às 20 horas e apontei a Lua. Lá estava a estrela, muito próxima do limbo escuro, conferindo à imagem um belo espetáculo. Mais tarde, depois das 20:30, a Lua estava mais próxima da estrela e aproveitei para tirar algumas fotos. às 21 horas, o céu fechou repentinamente com nuvens vindas da Serra do Mar.

    De tempos em tempos a Lua passa perto ou mesno na frente de estrelas e planetas. Aconteceu um caso desses com Júpiter no dia 8 de setembro, como comentado na postagem anterior deste blog.
A Lua passa pertinho da estrela Acrab, que se encontra quase colada no limbo lunar, à direita e acima. Clique na foto para ver a estrela. Um pedaço da constelação do Escorpião aparece à esquerda da foto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ocultação de Júpiter pela Lua

Estive com minha mulher participando do 9° Encontro Paranaense de Astronomia (EPAST), na cidade de Dois Vizinhos. O evento se estendeu do dia 7 de setembro, sexta à tarde, até 9 de setembro, domingo de manhã. Foi uma oportunidade de encontrar novos entusiastas da astronomia e reencontrar os velhos amigos.

Havia alguns eventos paralelos ao Epast, como o Epastinho para crianças, e algumas oficinas. Mas um outro evento paralelo chamou bastante a atenção. Coincidentemente, no dia 8 de setembro pela manhã, houve uma ocultação do planeta Júpiter pela Lua. Um evento desses é muito raro de acontecer, e aconteceu. E aconteceu durante o evendo de astronomia.

A imersão de Júpiter deu-se quase às 8:30 da manhã. Até esse horário tive uma oportunidade de ver o planeta Júpiter de dia, usando a Lua como referência. A olho nu não foi possível, mas de binóculo consegui ver o pontinho cada vez mais próximo do limbo lunar.

Devido à presença de material particulado na atmosfera, motivada por uma inversão térmica generalizada em todo o estado do Paraná, não foi possível ver a emersão de Júpiter às 10 horas. A Lua já estava mais baixa no céu, escondendo-se na poluição do ar e ficando muito fraca. Mas consegui algumas fotos da aproximação de Júpiter, duas das quais mostro aqui.

Às 07:36 da manhã, o planeta Júpiter já estava próximo o suficiente da Lua para facilitar sua localização ao binóculo. Aqui ele está à direita e um pouco acima da Lua.
Júpiter se encontra colado ao limbo lunar, na posição das 2 horas de um relógio imaginário, já parcialmente escondido.
 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Nascer do Sol no Mar

Entre os dias 18 e 22 de fevereiro de 2012 eu estava em Caiobá com minha esposa, onde passamos o carnaval. Não que a gente goste de pular em frente aos carros alegóricos, mas o ambiente de praia sempre foi especial para nós. Assim, nos divertíamos à nossa maneira.

Uma dessas maneiras foi ver o Sol nascer no mar. No dia 21 à noite, portanto nossa última noite lá, ela me convenceu a acordar cedo para ver o Sol surgir no horizonte marinho, visível da própria sacada do edifício onde estávamos. Concordei com a ideia, e já deixei tudo preparado na sala.

Valeu a pena. Tendo havido um período de tempo extremamente estável em todo o período do carnaval, uma pequena frente fria ameaçava entrar no Paraná lá pelo dia 22 à noite ou 23. No dia 22 de manhã, uma pequena alteração nas condições atmosféricas fez com que algumas poucas nuvens de média altitude formassem. Foi o suficiente para deixar a cor do céu no horizonte leste de um laranja bastante intenso.

Os primeiros raios de Sol
Uma pequena distorção devido à refração atmosférica - o Sol nesse formato chama-se Sol Ômega

Devido à refração atmosférica, uma pequena miragem de formou na parte de baixo do disco
O Sol e a ilha do Itacolomi, à esquerda.

 Foi um nascer do Sol de cores maravilhosas! São imagens que ficarão na minha lembrança para sempre.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Flash Verde

O flash verde, em se relacionando ao Sol, é um fenômeno que ocorre normalmente durante seu ocaso ou nascer. Dificilmente é observável a olho nu. Mas se acompanharmos o Sol descendo em direção ao horizonte por um telescópio munido de filtro solar, por vezes podemos notar pedaços do disco aparentemente se desprendendo e assumindo a cor verde. É o flash verde. Além do mais, o disco solar parece com várias indentações ao invés de um círculo perfeito.

O Sol, na verdade, é como uma bola perfeita. Mas nossa atmosfera se encarrega de distorcer a imagem. Variações bruscas no perfil vertical de temperatura do ar fazem essas distorções ficarem mais evidentes, por vezes culminando em flashes verdes, verdadeiros lampejos de luz verde conforme explicado no parágrafo anterior.

Isso ocorreu no pôr do Sol do dia 11 de fevereiro de 2012 em Curitiba. De lambuja, um guindaste usado na construção de um shopping aparece na frente do Sol.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Lua

Olá pessoal! No dia 31 de janeiro resolvi brincar um pouco com a Lua, até para comemorar a volta do céu livre de nuvens nas noites curitibanas depois de mais de 1 mês com o tempo nublado. Na terceira foto o que se destaca é uma linha escura no meio de uma grande cratera, localizada no terminador (trecho que divide a porção iluminada da não iluminada da Lua). Essa linha é a sombra de um grande degrau na superfície, como se fosse uma grande chapada.



domingo, 29 de janeiro de 2012

Júpiter e Avião

Poisé pessoal, o dia 27 de janeiro de 2012 foi o dia de janeiro mais frio em Curitiba nos últimos 14 anos, com mínima oficial de 11,7C. O dia todo, assim como praticamente o mês inteiro, foi totalmente encoberto. Contudo, à noite o céu limpou. Fui à janela da sala com minha mulher para observar o céu estrelado. De repente, um meteorito muito forte cruzou meu olhar. Um verdadeiro ponto brilhante correndo o céu, muito rápido. Lindo!

Pouco depois, brinquei um pouco com Júpiter. Na foto abaixo, seus 4 satélites aparecem próximos do planeta formando uma linha reta, sendo que um deles está quase "colado" ao disco.



Pouco depois, nós vimos um satélite fazendo um baixa flare, um súbido aumento de brilho que faz com que ele pareça mais forte até que o planeta Vênus. Eu o peguei começando a se apagar, contudo, poucos segundos depois, o mesmo satélite fez no novo flare, mais fraco. Um flare duplo! Minha esposa perdeu o meteorito, mas viu muito bem o flare duplo.

O dia 28 ainda amanheceu encoberto, mas abriu no começo da tarde. Aproveitei para brincar mais. Mais tarde, com o Sol já abaixo do horizonte, vi um avião vindo lá no horizonte. Apesar de já estar começando a anoitecer, o rastro produzido pelo avião ainda estava iluminado, apresentando uma cor meio vermelho meio rosa.



O rastro, chamado rastro de condensação, é resultado da condensação de vapor d'água na esteira de ar quente deixada atrás do avião, que se resfria bruscamente em contato com o ar a uns 40 ou 50 graus abaixo de zero da altitude de cruzeiro. É exatamente a mesma forma de condensação que ocorre sobre as garrafas geladas, quando sopramos ar quente sobre elas.

À noite desci com minha esposa para a área da piscina do edifício e vimos Júpiter ao telescópio. Uma grande tempestade se descortinava em uma de suas faixas amarronzadas.

Poisé, foi bom voltar a brincar com essas coisas, depois de mais de 1 mês de tempo desfavorável. Matei um pouco a saudade.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Júpiter

Na postagem anterior mostrei alguns halos que apareceram na viagem que eu e minha esposa fizemos à pousada Cainã, no dia 17 de dezembro de 2011. Mas as atividades não pararam por aí, pois no dia 18 diversas iridescências apareceram nas nuvens enquanto estávamos na piscina da pousada. Iridescências são cores metalizadas nas nuvens, normalmente verdes, vermelhas e rosas, causadas pela interãção da luz solar nas gotículas de água que compõem essas nuvens.

Já de volta a Curitiba, o planeta Júpiter aparecia num céu limpo, pedindo para ser fotografado com telescópio. Atendi ao seu pedido. Quando observei-o, notei a Grande Mancha Vermelha e também uma outra tempestade, bem forte. Na foto abaixo, a mancha aparece na faixa marrom de cima, à esquerda, e a tempestade na faixa de baixo à direita, como uma mancha elíptica e escura.

Àdireita do planeta aparecem três dos seus satélites principais. Do mais próximo ao mais afastado: Europa, Io e Calisto. O outro satélite, Ganimedes, estava fora do campo de visão, do outro lado do disco do planeta.